24 de junho de 2011

Possíveis Temas do ENEM

Quais são as notícias que podem ser temas de questões da prova do Enem 2011? Professores respondem

RIO - Você já deve estar até cansado de ouvir dos seus professores: no ano do vestibular, é preciso acompanhar o noticiário, seja em jornais, revistas, televisão ou internet. E eles estão certos. Segundo a professora de língua portuguesa do Liceu Franco-Brasileiro Teresa Cruz, o Enem é uma prova que exige do aluno bastante interpretação de textos, gráficos, tabelas e charges. Logo, quanto mais o estudante estiver por dentro do que está rolando no Brasil e no mundo, mais facilidade terá para identificar o que está sendo pedido em cada questão. Conversamos com professores e fizemos uma lista dos temas mais quentes do momento. Agora, é meter a cara e estudar!


CHUVAS NA SERRA: - As chuvas que castigaram a região serrana do Rio no verão podem aparecer no Enem. Segundo o professor de geografia Maurício Novaes, do CEL, a prova privilegia temas ligados à urbanização e ao meio ambiente. O impacto da ocupação desordenada de encostas e a erosão do solo estão ligados à tragédia.

COPA E OLIMPÍADAS: - Ninguém fala de outra coisa: qual será o legado da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016? O tema pode estar presente em diversas disciplinas. Na matemática, de acordo com o coordenador do pH Luís Felipe Abad, cálculos de geometria plana, como a área de um estádio, ou volume, para saber a quantidade de cimento a ser usada em uma obra, podem ser exigidos. Para Novaes, na geografia é possível tratar de investimentos em infraestrutura nas cidades-sede da Copa, crescimento do turismo e necessidade de qualificação de mão de obra para os eventos.

ACIDENTE NUCLEAR: - O terremoto no Japão e a consequente tragédia na usina de Fukushima comoveram o mundo e têm chance de cair no exame. Na parte de Ciências Naturais e suas Tecnologias, a abordagem deve envolver o que provocou o acidente e as medidas tomadas para minimizar a tragédia, assim como os efeitos da radiação e a contaminação da água e do solo. Até mesmo em história o assunto pode estar presente, principalmente relacionado à Segunda Guerra Mundial, durante a qual os Estados Unidos jogaram duas bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, e ao poder de recuperação japonês após os ataques.

MEIO AMBIENTE: - No ano que vem será realizada no Rio de Janeiro a conferência sobre o clima Rio 20. Nela, serão discutidas novas metas de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa, entre outras medidas. Além disso, o Código Florestal, aprovado na Câmara dos Deputados e em discussão no Senado, provoca polêmica com suas propostas de mudança na legislação para crimes ambientais, exploração em áreas de preservação permanente, entre outras. Os dois temas podem ser abordados nos âmbitos da química, da biologia e da geografia. Questões sobre energias limpas, combustíveis renováveis, créditos de carbono e também os ciclos da natureza podem aparecer.

MUNDO ÁRABE: - Este ano, o mundo viu explodirem diversas revoltas nos países árabes, no norte da África e no Oriente Médio. O professor de história Ulisses Martins, do Colégio Notre Dame Recreio, diz que esses eventos podem ser ponto de partida para a cobrança de conteúdos relacionados ao imperialismo, influência americana na região, regimes totalitários e até mesmo disputas ligadas à religião. O assassinato do líder da al-Qaeda Osama Bin Laden pelos EUA pode trazer também perguntas sobre terrorismo e as guerras do Iraque e do Afeganistão.

VULCÃO CHILENO: - Um vulcão no Chile provocou a maior confusão na América do Sul, com reflexos até na Austrália e na Nova Zelândia. Na química, questões relacionadas à composição do magma, os gases emitidos e os impactos disso no solo e nos sistemas hídricos podem cair. O vulcão também pode ser o gancho para falar de fenômenos naturais também na parte de Ciências Humanas e suas Tecnologias.

DITADURA MILITAR: - A eleição da presidente Dilma Rousseff, uma ex-militante de esquerda que viveu na clandestinidade e foi presa durante a ditadura militar, gerou grande expectativa, principalmente em relação à abertura de arquivos do período. Somado a isso, há grande mobilização pela aprovação do fim do sigilo secreto de documentos do governo e a criação de uma comissão da verdade para investigar os crimes ocorridos naquela época. Ou seja, assunto quente e atual.

ANO DA QUÍMICA: - Em 2011 são comemorados o Ano Internacional da Química, os 100 anos de Marie Curie, pioneira nas pesquisas sobre radioatividade, e também os 100 anos do modelo atômico de Rutherford. Olho vivo nesses temas.

CENSO 2010: - O Enem adora um gráfico e uma tabela. Com os dados do último censo divulgados no início do ano, é bem provável que haja questões ligadas à população, com uso desses recursos.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s%C3%A3o-not%C3%ADcias-podem-ser-temas-quest%C3%B5es-prova-enem-134400958.html

22 de junho de 2011

A Dominação Masculina - 3ºs Anos


A DOMINAÇÃO MASCULINA - Pierre Bourdieu


Pierre Félix Bourdieu nasceu em Denguin em 1 de agosto de 1930 e morreu em Paris, 23 de janeiro de 2002. Foi um importante sociólogo francês, conhecido mundialmente, sendo consagrado como um dos maiores intelectuais de nosso tempo. 

Bourdieu baseia seu trabalho em uma investigação sociológica do conhecimento e detecta que existe um jogo de dominação e reprodução de valores, ou seja, fazemos um esforço para aprender e incorporar, de forma inconsciente, o que é ser homem e o que é ser mulher. A divisão entre os sexos masculino e feminino no mundo social parece ser normal, natural, a ponto de ser inevitável, funcionando como sistemas de pensamento e ação existentes. A diferenciação entre os sexos visa estimular em cada agente, homem ou mulher, práticas que convém a seu sexo, proibindo ou desencorajando condutas impróprias, sobretudo nas relações com o outro sexo.

A força da ordem masculina se justifica na divisão social do trabalho, nas tarefas que são atribuídas a cada um dos dois sexos. A diferença anatômica entre os órgãos sexuais é uma justificativa natural para a aceitação da diferença socialmente construída entre os gêneros. A “virilidade”, ser virtuoso, ter honra, são termos que não podem ser separados da virilidade física, pois é o falo que preenche, é ele que está cheio de vida (quem é estéril é oco), justificando simbolicamente estas propriedades naturais. Essa justificativa simbólica de que o falo é a vida, reforça a crença de que este sistema de dominação é natural, normal e inevitável. A definição social dos órgãos sexuais é um produto de uma construção e o masculino é tomado como medida de todas as coisas. Até o Renascimento, o sexo da mulher é representado como o do homem, apenas disposto de maneira diferente. 

A Dominação Masculina do modo como é imposta e vivenciada, é resultante da violência simbólica, que é uma violência suave, insensível e invisível as suas próprias vítimas, sendo exercida essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento e do sentimento. A invasão da consciência das mulheres se dá pelo poder físico, jurídico e mental dos homens, com efeitos duradouros que a ordem masculina exerce sobre os corpos das mulheres, que não compreendem a submissão encantada que constitui efeito característico da violência simbólica.  

A percepção social dos órgãos genitais usa do simbólico ao passar a idéia de ‘alto’ e ‘baixo’, ‘cheio’ e ‘vazio’, ‘seco’ e ‘molhado’, ‘quente’ e ‘frio’, sendo a cintura a fronteira simbólica entre o puro e o impuro, pois aquela que mantém sua cintura fechada, é pura, virtuosa. É um símbolo de fechamento do corpo feminino, é a barreira que protege a vagina, socialmente construída em objeto sagrado. No exame ginecológico, por exemplo, é usado um avental como barreira simbólica para dissociar a paciente de seu sexo, um objeto simbolicamente sagrado.

O ato sexual também é pensado em função do princípio do primado da masculinidade. A oposição entre os sexos, alto/baixo, cima/embaixo, seco/úmido, quente/frio (apagar o fogo), ativo/passivo, móvel/imóvel. A vagina é vista como vazia, o oposto do falo, que está cheio. Cima/embaixo, ativo/passivo são alternativas que descrevem o ato sexual enquanto uma relação de dominação. De um modo geral, possuir sexualmente é dominar no sentido de submeter a seu poder, significa também enganar, abusar, ou como nós dizemos: possuir. (Resistir à sedução é não se deixar enganar, não se deixar possuir). As representações dos dois sexos não são, de maneira nenhuma, iguais. As moças estão socialmente preparadas para viver a sexualidade como uma experiência íntima e fortemente carregada de afetividade, que não inclui necessariamente a penetração, (inclui falar, tocar, beijar, acariciar) ao passo que os rapazes tendem a compartimentar a sexualidade, concebida como um ato agressivo, sobretudo físico, de conquista orientada para a penetração e o orgasmo. A posse é a afirmação da dominação em estado puro e o orgasmo feminino uma prova da virilidade masculina e da submissão feminina. A pior humilhação para um homem consiste em ser transformado em mulher, debochar de sua virilidade, acusar de homossexualidade, conduzir eles como se fossem mulheres.

Atualmente, inúmeras mulheres romperam com as normas e formas tradicionais, como um sinal de ‘liberação’. No entanto, o uso do próprio corpo continua subordinado ao ponto de vista masculino, como por exemplo, nas propagandas, ao aderir à ditadura da moda, da estética e dos padrões impostos de beleza.