4 de julho de 2011

Matéria 2ºs anos - Émile Durkheim

Émile Durkheim

(Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917)

Seu pai era um rabino e sua família era muito religiosa. Porém, optou por uma vida secular (Secular: Aquele que não fez votos religiosos). Desde jovem foi um opositor da educação religiosa e defendia o método científico como forma de desenvolvimento do conhecimento. Em boa parte dos seus trabalhos procurou demonstrar que os fenômenos religiosos tinham origem em acontecimentos sociais.
Antes de criar propriamente o seu método sociológico, duas questões deveriam ser resolvidas:
  1. Como é criada a relação entre indivíduo e sociedade
    A sociedade (objeto) é superior ao indivíduo (sujeito); 
    As estruturas sociais funcionam de modo independente dos indivíduos, condicionando suas ações. 
    O TODO condiciona as PARTES.
  1. Como ele entendia o papel do método científico na explicação dos fenômenos sociaisIntenção de fazer da sociologia uma ciência “madura” como as ciências naturais;
    A realidade social é idêntica à realidade da natureza: equipara-se aos fenômenos por ela estudados; 
    a primeira regra da sociologia é considerar os fatos sociais como coisas”.
O que é o método funcionalista?
Durkheim compara a sociedade a um “corpo vivo” e cada órgão cumpre uma função = metodologia funcionalista. A sociedade assim como o corpo humano, é composta de várias partes e cada parte cumpre uma função em relação ao todo.
O todo predomina sobre as partes; As partes (os fatos sociais) existem em função do todo (a sociedade); 

 Função social: a ligação que existe entre as partes e o todo.
A sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos, ou seja, saudáveis e doentios. A finalidade da Sociologia é encontrar remédios para regularizar a vida social.
Para Durkheim qual o objeto de estudo da sociologia? O objeto de estudo da sociologia é o fato social.
O que é o fato social?
Fatos sociais consistem em maneiras de agir, pensar, sentir que são exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõem como obrigação. Portanto, não poderiam ser confundidos com os fenômenos psíquicos, por estes só existirem na consciência dos indivíduos e devido a ela.
            Durkheim distingue três características dos fatos sociais:

1ª É geral, pois se repete a todos os indivíduos, ou quase todos e se manifesta como sendo um estado comum ao grupo;
2ª É exterior ao indivíduo, se aplica a todos os membros da sociedade, independente da sua vontade e escolha;
3ª É coercitivo, isto é, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem independentemente de sua vontade e escolha. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.

O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se estabelece a infração e a penalidade subseqüente. Espontâneas seriam as que ocorrem em decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence.

O Papel da Divisão do Trabalho:
A divisão do trabalho aumenta simultaneamente a força produtiva e a habilidade do trabalhador; É a condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das sociedades; É a fonte da civilização; Função de criar entre duas ou várias pessoas um sentimento de solidariedade. Estabelece uma ordem social e moral sui generis (único em seu gênero, peculiar). Sem isso os indivíduos seriam independentes, mas estão ligados uns aos outros,  e conjugam seus esforços: são solidários.

Os dois tipos de solidariedade
Solidariedade Mecânica
A sociedade é um conjunto mais ou menos organizado em torno de crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo: É O TIPO COLETIVO. A consciência individual é uma simples dependência do tipo coletivo, uma vez que existe um total predomínio do grupo sobre o indivíduo. Os indivíduos vivem em sociedade pelo fato de que eles partilham de uma “cultura comum” e que os obriga a viver em coletividade. 

Solidariedade Orgânica
A sociedade possui é um sistema de funções diferentes e especiais que unem relações definidas. É produzida pela divisão do trabalho; Supõe que os indivíduos difiram entre si; Só é possível se cada um tem uma esfera própria de ação e, por conseguinte, uma personalidade; O indivíduo depende da sociedade porque depende das partes que a compõem; Cada um depende tanto mais da sociedade quanto mais dividido é o trabalho; A atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto mais especializada; A unidade do organismo é tanto maior quanto mais marcada é a individuação das partes.
O suicídio
“O Suicídio” foi escrito em 1897 e trata de um assunto considerado psicológico abordado polemicamente por Durkheim como fenômeno social. Sua intenção era provar sua tese de que o suicídio é um fato social, uma forma de coerção exterior e independente do indivíduo, estabelecida em toda a sociedade e que, portanto, deve ser tratado como assunto sociológico: É a sociedade que explica o comportamento do indivíduo. Ele utilizou dados estatísticos e analisou diferentes meios e tipos individuais para embasar suas teses, criou e desenvolveu conceitos importantes como '"fato social", "anomia", "solidariedade", "coerção", entre outros. Seus escritos foram exemplo de como monografias sociológicas deveriam ser feitas.

Suicídio egoísta
O suicídio egoísta consiste em uma falha na integração social, uma individualização excessiva com o meio social: o que há de social em nós fica desprovido de qualquer fundamento objetivo. Para aquele que se encontra nessa situação nada mais resta para justificar seus esforços e pouco importa o fim de sua vida, já que ele está pouco integrado com seu meio social (família, amigos, instituições sociais como a escola). Os indivíduos pensam essencialmente em si mesmos, sofrendo com depressão, melancolia e outros sentimentos.

Suicídio altruísta
Neste caso o indivíduo se identifica tanto com a coletividade que é capaz de tirar sua vida por ela. Um exemplo típico de suicídio altruísta é o caso dos soldados japoneses que lutaram na Segunda Guerra Mundial e que ficaram conhecidos como Kamicases: Eles lançavam as aeronaves em que pilotavam sobre os inimigos provocando sua própria morte. Morrer assim era considerado uma forma de honrar o Imperador. 

Suicídio anômico
Se nada pode conter o indivíduo é preciso que a sociedade exerça uma força reguladora diante das necessidades morais. Caso isso não ocorra os desejos tornam-se ilimitados e a insaciabilidade torna-se um indício de morbidez.  Quando as normas estão ausentes ou perderam o sentido, os laços que prendem os indivíduos aos grupos se afrouxam, há uma crise social que provoca o aumento desse tipo de suicídio.