29 de agosto de 2012

1ºs e 2ºs Anos - Karl Marx


Karl Marx
(Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883)

Karl Heinrich Marx nasceu em 05 de maio de 1818, em Trier, Alemanha. Cursou Filosofia, Direito e História. Este filósofo alemão foi expulso da maior parte dos países europeus devido ao seu radicalismo. Segundo ele, a classe trabalhadora deveria unir-se com o propósito de derrubar os capitalistas e aniquilar de vez a característica abusiva deste sistema. Este grande revolucionário participou ativamente de organizações clandestinas com operários exilados e foi o criador, com a colaboração de Friederich Engels, do livro "O Manifesto do Partido Comunista" e não foram poupadas críticas ao capitalismo. Este notável personagem histórico faleceu em Londres, Inglaterra, em 14 de março de 1883, deixando muitos seguidores de seus ideais. Lênin foi um deles, e, na União Soviética, utilizou as idéias marxistas para sustentar o comunismo - Revolução Russa 1917. Contudo, alguns marxistas discordavam de certos caminhos escolhidos pelo líder russo. Até hoje, as idéias marxistas continuam a influenciar inúmeros ramos do pensamento humano que, independente de aceitarem ou não as teorias do pensador alemão, concordam com a idéia de que para se compreender uma sociedade deve-se entender primeiramente sua forma de produção.

CONTEXTO HISTÓRICO

O século XVIII viu surgir importantes inovações tecnológicas, como por exemplo, a máquina de fiar, o tear mecânico, e principalmente, a máquina a vapor, que é o símbolo da Revolução Industrial. Nesse período desenvolveu-se também o uso de uma nova fonte de energia, o carvão, que conjuntamente com os aprimoramentos das técnicas de fabricação favoreceram o surgimento das indústrias. Essas novas tecnologias trouxeram muitas mudanças nos modos de organização do trabalho e da produção. A industrialização e urbanização trouxeram grandes transformações sociais. Os que mais sofreram com essas mudanças foram os operários devido às precárias condições de moradia e de saneamento das áreas onde habitavam, pois os trabalhadores eram obrigados a se contentar com os locais abandonados pela população. A rotina de trabalho podia alcançar uma jornada diária de até 16 horas, em geral, trabalhava-se enquanto a luz do sol permitia. Era uma rotina sem descanso e o trabalho seguia até mesmo aos domingos, suprimiram-se os dias santificados e ficava cada vez mais reduzido o tempo de descanso dos trabalhadores. 

Esses operários recebiam baixíssimos salários e viviam em constante incerteza por causa do risco do desemprego, uma vez que existia um verdadeiro exército de reserva devido à escassez de empregos. Estes operários não recebiam nenhum auxílio caso adoecessem, se acidentassem ou por envelhecimento. Uma boa parcela dessa massa de operários era formada por mulheres e crianças, que, além de enfrentarem todas essas duras condições de trabalho, recebiam salários inferiores aos dos homens.
Nesse contexto de exploração e de péssimas condições de vida e de trabalho é que surge o pensamento socialista moderno, como uma forma de críticar a exploração capitalista.


O Manifesto do Partido Comunista
                                       “Tudo que é sólido desmancha no ar.”


* Nota do autor (1ª ed.): Burguesia é a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção, que empregam o trabalho assalariado. 
Proletário compreende-se a classe dos trabalhadores assalariados modernos, que, privados dos meios de produção próprios, se vêem obrigados a vender sua força de trabalho para poder existir.

A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da antiga sociedade feudal, substituiu as velhas classes, as velhas condições de opressão, velhas formas de luta, por novas. A época da burguesia caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes, uma vez que a sociedade divide-se, cada vez mais, em duas classes distintas: a burguesia e o proletariado. A burguesia moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimentos de uma série de revoluções no modo de produção e de troca e com o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, ela conquistou a soberania política exclusiva no Estado moderno. O Estado moderno não é se não um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa. 

A burguesia despedaçou, sem piedade, todos os complexos e variados laços antigos: Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as inúmeras liberdades conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável liberdade de comércio. Em lugar da exploração velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio, faz seus servidores assalariados. No entanto, a burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais. Essa subversão continua de todo o sistema social, essa agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época da burguesia de todas as outras: “Tudo que é sólido desmancha no ar”. 

Impelida por necessidade de novos mercados, a burguesia invade todo o globo. As velhas indústrias nacionais são destruídas. Em lugar do antigo isolamento de regiões que bastavam por si próprias, desenvolve-se um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações.
A burguesia obriga todas as nações a adotarem o modo burguês de produção: constrange-as a abraçar o que se chama de civilização, isto é, a se tornarem burguesas, a sua imagem e semelhança: aglomeração de populações, centralização dos meios de produção e concentração da propriedade nas mãos de poucos. A conseqüência destas transformações foi uma centralização política. Leis, governos, tarifas aduaneiras, foram reunidas em uma só nação, com um só governo, uma só lei, um só interesse: O capital. A história da indústria e do comércio não é senão a história da revolta das forças produtivas contra as atuais relações de produção. 

As armas que a burguesia utilizou para abater o antigo sistema feudal voltam-se hoje contra a própria burguesia. Ela não forjou somente as armas que lhe causarão a sua destruição: Criou os homens que manejarão essas armas – os proletários. O proletário só pode viver se encontrar trabalho e só o encontram na medida em que seu trabalho aumenta o capital do burguês. Desta forma o proletário é obrigado a se vender diariamente, como mercadoria, um artigo de comércio como qualquer outro, conseqüentemente, sujeitos às flutuações do mercado. Quanto menos habilidade e força o trabalho exige, tanto mais o trabalho dos homens é suplantado pelo das mulheres e crianças. A diferença de idade, força e sexo já não tem mais importância social para a classe operária. Depois de sofrer a exploração do fabricante e receber seu salário em dinheiro, o operário torna-se presa de outros membros da burguesia, do proprietário, do comercio varejista - O Pequeno Burguês.

De todas as classes que enfrentam a burguesia, somente o proletário é verdadeiramente revolucionário: O proletário não tem propriedade, suas relações com mulheres e filhos nada têm a ver com as relações familiares burguesas. As leis, a moral, a religião, são para ele menos preconceitos burgueses. A família, em sua plenitude só existe para a burguesia, uma vez que para o burguês, a mulher nada mais é do que instrumento de produção. Sendo instrumento de produção, será explorada da mesma forma. Aos filhos a educação doméstica é substituída paulatinamente pela educação social (escolas). E essa educação não é também determinada pela sociedade, pelas condições sociais?

Os operários não têm pátria. Não se pode tirar aquilo que não possuem. Os proletários não podem se apropriar das forças de produção senão abolindo a apropriação burguesa, destruindo todas as garantias e segurança da propriedade privada. Todos os movimentos históricos têm sido movimentos de minorias e em proveito de minorias. O movimento proletário é o movimento espontâneo da imensa maioria em proveito da imensa maioria. O objetivo dos comunistas é abolir a propriedade privada, no entanto, censuram-nos por querer abolir o fruto do trabalho e do mérito pessoal. O capital, que é a propriedade que explora o trabalho assalariado e que só pode aumentar sob a condição de produzir novo trabalho assalariado é o que queremos suprimir: Seu caráter miserável, a apropriação que faz com que o operário só viva para aumentar o capital e só viva na medida em que os interesses da classe dominante vêm em primeiro lugar.

Uma vez desaparecidos os antagonismos de classes (a luta de classe) ao concentrar toda a produção nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter político. Quando o proletário se tornar classe dominante, destrói as antigas relações de produção e as classes em geral, surgindo, em seu lugar, uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos.